Os 10 Melhores Livros de Jorge Amado em 2024: Mar Morto, Capitães da Areia e mais!

Enredo ousado e com conteúdo forte

Esse é um livro feito para quem não tem medo de leituras densas, que ousam contar histórias de realidades que muitas pessoas preferem ignorar. Sob a perspectiva de vários personagens, o livro conta a história de Tereza Batista, uma mulher forte e sobrevivente que viveu inúmeras vidas em uma.

Aos treze anos, no sertão de Sergipe, Tereza já se depara com a crueldade ao ser vendida pela tia a um fazendeiro pedófilo, que a submete ao estupro. E esse foi só o começo das muitas vidas de Tereza Batista: líder comunitária, prostituta, enfermeira, presidiária, entre tantas outras que foi essa intrigante heroína. Além de uma história impactante, escrita em plena ditadura, essa edição traz o depoimento de Lygia Fagundes Telles, e uma cronologia com imagens da vida do escritor e de edições anteriores.

Disputas de terra sangrentas e marcadas por romances improváveis

Para quem gosta de histórias fortes, cheias de intrigas e disputas, esse é o livro ideal de Jorge Amado para se ler. Nele, o autor conta a guerra pela disputa de terra na região cacaueira baiana, entre os irmãos Badaró e o coronel Horácio da Silveira, que se desenrola entre intrigas políticas, crimes, tiroteios e sangue derramado.

Em meio a essa disputa, surgem dois romances: Virgílio, um advogado, apaixonado pela esposa do coronel Horácio, Ester; e Don’Ana, filha de um Badaró, relaciona-se com o “capitão” João Magalhães. Dois romances que rendem ainda mais emoção à trama. O livro faz parte do chamado “ciclo do cacau”, que inclui outros livros envolvendo histórias da região cacaueira. Essa edição traz, ainda, posfácio escrito por Miguel Sousa Tavares, o autor de Equador e Rio das Flores.

Uma exaltação à cultura afro-brasileira e sobre resistência baiana

Se você se interessa pela herança cultural africana legada ao nosso país e por temáticas envolvendo o racismo e a resistência contra ele, também vai se interessar por esse livro. Nele, Jorge Amado nos apresenta um de seus maiores heróis, Pedro Archanjo, um estudioso da cultura afro-brasileira e defensor da miscigenação, que causa alvoroço entre a elite racista.

A história é contada em dois tempos: um famoso etnólogo americano revive a figura de Achanjo e ocorre uma apropriação da imagem do herói; enquanto isso, o autor nos leva de volta ao passado, traçando a história de Archanjo da forma como ficou marcada na memória do povo.

A obra já foi adaptada ao cinema por Nelson Pereira dos Santos, e se tornou uma minissérie exibida pela Rede Globo. Essa edição conta com um posfácio especialmente escrito pelo historiador João José Reis e conta com cronologia, imagens e capas de edições estrangeiras.

Com um toque de humor, uma história sobre dois amores opostos

Se você gosta de histórias de amor inusitadas, com certeza esse livro é uma leitura necessária. Há quem sonhe em viver os dois lados do amor simultaneamente; Florípedes Paiva, a protagonista desse livro, conseguiu o êxito de forma bem peculiar.

Primeiro viveu a paixão avassaladora com o boêmio Vadinho, seu primeiro marido. Quando este faleceu, Dona Flor casou-se novamente e pôde viver o amor seguro com o farmacêutico Teodoro. Foi quando Vadinho retornou como um fantasma que a protagonista conciliou os dois amores.

O romance é narrado de forma bem-humorada e ousada, e se tornou uma das mais famosas obras de Jorge Amado, com direito à ganhar algumas adaptações em diferentes mídias. Com um conteúdo tão singular, essa é uma leitura que não pode faltar no repertório de quem é fã do autor.

Uma história poética com cenário à beira do cais da Bahia

Quem se encanta com a poesia natural do mar pode se encantar mais ainda com essa história carregada de lirismo. Jorge Amado investiu em uma abordagem poética nesse livro que conta a história de vida e morte dos marinheiros do cais de Salvador.

A história é elevada pela figura de Iemanjá, rainha do mar, que um dia leva todo marinheiro para longe dos seus. Entre essa linguagem poética figuram personagens como a professora Dulce, que busca incitar o despertar da população contra o marasmo e a opressão que vivem.

Ademais, seu enredo caloroso e envolvente caracterizou com perfeição a vivência no cais baiano. E para quem gosta de adaptações, saiba que a obra foi também adaptada para a TV na novela Porto dos Milagres, transmitida pela Rede Globo.

Um livro censurado em outros tempos e carregado de críticas sociais

Essa é uma leitura destinada a quem se atreve a pensar sobre realidades difíceis. Em “Capitães da areia”, Jorge Amado conta a história de meninos de rua que moram em um trapiche abandonado num cais baiano. Com um enredo forte e impactante, são apresentados diferentes meninos com seus anseios e dificuldades, e sempre rodeados pelo desejo de liberdade.

O livro é polêmico desde seu lançamento, quando foi censurado pelo Estado Novo: vários de seus exemplares foram queimados em plena praça pública. Afinal, a mensagem que carrega é uma denúncia da opressão sofrida pela sociedade baiana na época. Assim, para todos os leitores interessados em temáticas mais sociais, vale muito a pena conferir esse livro, que se tornou não só um clássico de Jorge Amado, como também da literatura brasileira no geral.

Romance cômico e de leitura rápida

Essa é uma excelente opção para conhecer o trabalho de Jorge Amado, trazendo uma história instigante que pode ser lida rapidamente devido às suas poucas páginas. O melhor é o valor bastante acessível para iniciantes na escrita do autor.

O livro conta a história de Joaquim Soares da Cunha, conhecido como Quincas Berro D'água, um homem que abandona a família e sua boa reputação para viver a malandragem da cidade. O que torna sua história peculiar é o fato de que Quincas Berro D’água morre duas vezes.

Primeiro ele é encontrado morto em seu quarto, velado pela família que lamenta sua perda. Mas seus companheiros de copo não desistem do amigo, dão-lhe cachaça e o levam de volta à vida de farra, antes de sua segunda e apoteótica morte.

Grande sucesso do autor em uma edição econômica

Se você procura por um sucesso de Jorge Amado, essa pode ser a opção perfeita. Em uma edição econômica (diagramação menor e menos espaçada), a Companhia das Letras traz essa que ainda hoje é considerada como, talvez, o maior sucesso do autor dentro e fora do Brasil.

O livro conta a história da sertaneja Gabriela, uma das personagens mais sedutoras criadas pelo escritor, que vive um romance com o sírio Nacib. A história se passa sobre um plano de fundo social complexo para a mulher de meados dos anos 1920: quando o adúltero feminino era pago com sangue. O romance faz parte do “ciclo do cacau”, figurando entre outros livros, como “Terras do sem-fim”, e é uma leitura imprescindível para os fãs do escritor.

Obra madura, combinando registro épico com lírico e satírico

Essa é uma leitura indicada para quem busca por uma obra que expresse os recursos literários usados por Jorge Amado em seu ápice. Publicada em 1984, “Tocaia grande” carrega toda a maturidade na escrita do autor ao contar sobre a formação de uma cidade nordestina.

A história traz personagens fortes, ex-escravos, comerciantes, prostitutas, que procuram por seu espaço na cidade em desenvolvimento e criada sob conflitos violentos. Apesar da temática forte, Jorge Amado conseguiu escrever de forma leve e bem-humorada a vivência e desenvolvimento desses personagens que, juntos, resistiam e construíam a cidade.

E para quem aprecia adaptações, saiba que existem uma de mesmo título, uma novela exibida pela antiga Rede Manchete. Outro marco para consolidar a magnitude dessa obra que mostrou o melhor do trabalho de Jorge Amado.

Melhor opção para quem deseja conhecer os clássicos de Jorge Amado

Se você até já leu alguma obra do autor, mas não conhece um de seus clássicos, essa é a opção indicada. Com uma narrativa descontínua que envolve o leitor e carregada de reflexão moral e política, a obra conta a história de Tieta. Namoradeira, a jovem é expulsa de casa pelo pai e vai ganhar a vida longe da Bahia.

Anos mais tarde retorna rica e ajuda a comunidade a que um dia pertencera. Os moradores pensam que sua riqueza se deve a algum casamento vantajoso, mas aos poucos somos levados à verdade: Tieta se prostituiu e se tornou cafetina em São Paulo, meio pelo qual enriqueceu. Com essa virada irônica na história, somos levados a refletir sobre questões morais e políticas, com possibilidade de mudar nosso ponto de vista ao longo das páginas.